Minha história de vida e meu propósito empreendedor

Sou o primeiro neto do lado paterno e o 3º do lado materno. Ambas as famílias eram pessoas muito inteligentes, meus avôs ambos eram pedreiros e construíam com maestria ajudando clientes, amigos e parentes. Minhas avós cuidavam da casa e dos filhos com muito amor e carinho. Às vezes, como eram muitos, 7 filhos do lado paterno e 11 do materno, o carinho nem sempre era evidente! O amor, indiscutível!

Embora fossem famílias bastante simples e que, em alguns momentos, tiveram que lidar com restrições, a aparência dos nomes familiares e dos históricos de conquistas eram fortes e marcantes. Talvez, exatamente por isso, mesmo em momentos mais difíceis economicamente não me lembro de falta de altivez em nenhuma das famílias.

A família materna é composta pelos “Toledo Leme” e pelos “Nardy Vasconcellos”, tradicionalíssimas na região de Bragança Paulista/SP, onde existem várias ruas, praças e avenidas com nomes de familiares, trisavós, bisavós e tios. Não possuo estes nomes em meu registro, me chamo “Henrique Croisfelts” e carrego o mesmo nome de meu tataravô paterno, o primeiro nascido em solo brasileiro.

Diz-se, em histórias do ramo familiar materno, que a divisão dos bens em caso de herança se dava apenas entre os homens, não havendo participação das filhas nas partilhas. Sou do lado materno de minha família e a “minha herança” não foi nem do nome!

A família paterna é composta pelos “Croisfelts” e pelos “Ganzarolli”, Croisfelts agora é escrito como se lê em português. Meu tataravô se chamava Heinrich Kreutzfelt, nasceu em Berlim. Era luterano. Já ouvi muita gente dizendo que era judeu convertido. Casou-se com Umbelina Dorotéia Schultz, nascida em Hamburgo. Chegaram no Porto do Rio de Janeiro em 1858 junto com outros alemães, dentre eles foram amigos de meu tataravô os senhores Francisco Schmidt e Arthur Diederichsen. Francisco e Arthur seguiram pra Ribeirão Preto pra trabalhar nas lavouras de café. Francisco Schmidt se tornou o rei do café, várias são as ruas, praças e avenidas de nome Diederichsen em Ribeirão Preto/SP. Por enquanto, nenhuma com o nome “Croisfelts”.

A família de Henrique seguiu para Juiz de Fora/MG, para a Colônia de alemães, formada a partir de 1851 com a construção da primeira estrada pavimentada do Brasil, a “União e Indústria”, que ligava Juiz de Fora/MG ao Rio de Janeiro/RJ. Adquiriram terras em Juiz de Fora/MG, onde havia uma pedreira, que forneceu as pedras para a construção dessa estrada.

Henrique vem pra Ribeirão Preto a convite de Francisco para montar máquinas de café, que eram importadas e chegavam ao Brasil desmontadas e com manuais em inglês.

Pedro Croisfelt, meu trisavô (1894 – 1966-Franca-SP), filho de Henrique, passa a infância em Ribeirão Preto.

Em 1910, Henrique deixa de montar máquinas de café e passa a ser plantador de café na região de Franca/SP. Com a convicção de que “não devia criar filhos vagabundos” e a de que mais importante do que o conforto, o bem mais precioso a deixar aos filhos é o caráter, deixa sua propriedade em Ribeirão Preto/SP, vindo a perdê-la por “usucapião”.

Em Franca/SP Pedro Croisfelts encontra Maria Bettiati e se casam em 1918.

Maria Bettiati nasceu no Brasil, em Rifaina/SP, em 1899, filha de Luis Bettiati, nascido em Pádua, Itália, em 1873. Morreu em Pedregulho/SP em 1951. Luis era filho de Antonia Gaioto Bettiati, de Treviso, Itália (1873-1959) e de Frederico Bettiati. Chegaram em Santos, em 1898, casados e com filhos nascidos na Itália. Em 1905, voltam para a Itália, e Maria Bettiati estuda lá, voltando ao Brasil em 1912. Não vieram por imigração, os custos das idas e vindas eram pagos do próprio bolso. Acredita-se que a origem da família era austríaca.

Meus avós maternos partiram para São Paulo/SP logo após o casamento em Bragança Paulista/SP, eram primos e casaram-se com idade avançada para a época. Tiveram 11 filhos e uma vida com pouco conforto material. Desde muito cedo, minha mãe (a 2ª de 11 filhos) passa a ter papel decisivo no auxílio ao sustento da família. Menina ainda, acompanhava meu avô nos trabalhos de final de semana ajudando na construção das casas de familiares e conhecidos enquanto a casa do meu avô sempre foi bem humilde. Aos 11 anos minha mãe se torna chefe de oficina de costura, onde trabalhou até nossa vinda pra Ribeirão Preto/SP em 1976. Uma parte deste tempo trabalhava como CLT, mas propôs montar sua oficina em casa ganhando por produção. Aos poucos, foi ensinando a arte da costura para irmãs, irmãos e tias e empregando boa parte dos familiares em seus projetos.

Meu avô, José Benedicto de Toledo Leme, era o avô que todo mundo queria ter, não pelo dinheiro e conforto mas por ser muito gente boa! Mesmo cansado ao chegar do trabalho era amigo dos filhos e netos, contava histórias de assombração e do seu trabalho. Era Palmeirista, junto aos meus tios Joaquim e Fernando. Foram os influenciadores em meu time do coração. Com uma família enorme, cada tio torcia para um time: Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos.

Minha avó Maria Aparecida parecia ser muito brava e de fato era, mas não comigo. Teve uma vida dura, com muito pouco dinheiro e muitos filhos pra cuidar. Fez o seu melhor. É a minha avó que está viva! Sempre me tratou com muito amor e carinho, me chamando de anjinho e fazendo todos os meus gostos. Quando eu passava férias em sua casa, a mesa da cozinha era repleta de pratos de arroz doce. Ela sabia que eu amava e deixa pronto o quanto fosse possível para que tivesse o meu doce preferido o quanto quisesse.

Em minha família paterna só tem corintiano o que sempre foi motivo para brincadeiras e tirações de sarro! O fato de serem eles os fregueses facilitou a minha vida neste sentido.

Meus avós paternos foram um pouco nômades, morando parte de suas vidas em Franca/SP, Pedregulho/SP, São Paulo/SP e em Ribeirão Preto/SP onde viveram a maior parte de suas vidas até seus falecimentos. Meu avô paterno, Alcindo Croisfelts, era um exímio pedreiro, excelente em seu trabalho. Quando eu era criança e adolescente, tive a oportunidade de viver e trabalhar muito próximo ao meu avô, um velho turrão, bravo, exigente e compenetrado, mas que também era feliz e admirado pelos seus filhos, cantor de moda de viola e jogador de truco! Em minhas lembranças, meu avô era duas pessoas, uma sóbrio – gentil, amável, brincalhão, orgulhoso de seus feitos e de sua família – e outra alcoolizado – agressivo, violento, brigão. Me lembro de uma vez, em que ele já velho e em processo de piora por conta do Alzheimer, me disse que me amava. Foi um momento único, me emocionei naquele momento e me emociono novamente ao escrever por aqui. Sinceramente, eu jamais esperava. Sei que era verdade, embora o seu modo de expressar o quanto amava sua família muitas vezes era através do tapa, do desafio e da grosseria. Minha avó, Apparecida Ganzarolli, era um amor em pessoa, não me lembro de ter ralhado uma única vez comigo ou com meus primos. Quando criança, quando eu dormia na sala de sua casa, sujo, ao final dos dias em que passava por lá, minha avó vinha com seu paninho molhado, limpava o meu rosto, o risco de terra no pescoço, braços e pernas e eu estava pronto pra dormir até quando quisesse.

A expressão do amor em nossa família nem sempre é através das palavras “eu te amo”, meu pai, por exemplo, filho mais velho, nunca chegou a dizê-las. Já vários outros tios, de quem eu fui muito próximo sobretudo na primeira infância, não tiveram este impedimento e são muito amáveis.

Eu sempre fui muito bajulado por tios e tias, e ainda hoje sou, em ambas as famílias e tenho muito orgulho disso!

Meus pais – José Nilton Croisfelts e Anna de Toledo Leme – são muito inteligentes e com uma capacidade técnica impressionante em suas profissões, não tiveram muito estudo acadêmico, mas são fantásticos enquanto autodidatas, muito do que creio ter aprendido em minha vida foi pela técnica da autoaprendizagem que ambos desenvolveram. Meu pai aprendeu a aprender mais baseado no processo e no mapeamento do que fazia, minha mãe mais pela coragem e ousadia. Minha mãe cursou até a 4ª série e meu pai fez o curso técnico, 2º grau, inconcluso em tornearia mecânica.

Nasci em São Paulo/SP em 1974. Viemos para Ribeirão Preto/SP em 1976, ano em que meu irmão Paulo nasceu. Viemos pra Ribeirão Preto/SP por conta do emprego de meu pai como torneiro mecânico na empresa Dabi Atlante. Antes disso, morávamos em São Paulo/SP, minha mãe com sua oficina de costura e meu pai como torneiro mecânico CLT na empresa “Optimar”, local onde fazia peças de mecânica fina para os equipamentos de cine-foto. Foi onde aprendeu, por observação, seu segundo ofício: técnico em cine foto.

Da “Dabi Atlante”, meu pai conseguiu emprego no “Tony Myasaka” atuando no conserto de aparelhos de cine-foto.

Em 1982, minha mãe, líder comunitária e costureira, se tornou presidente da associação de moradores do “Quintino Facci II”, um conjunto habitacional recém inaugurado e que contava unicamente com pequenas casas sem forro, quintal, muros e feitas com matéria-prima bem ruim. Depois que minha mãe deu uma entrevista na TV apoiando um protesto feito por melhorias de condições de asfaltamento e transporte naquele bairro, no início da semana seguinte, meu pai foi demitido.

Com três filhos pequenos – minha irmã Ana Helena nasceu em 1979 – e sem emprego, a solução foi fazer uma compra de mantimentos que durasse 6 meses e abrir a empresa própria.

Foram anos difíceis até engrenar, mas a parceria com o antigo patrão ajudou no início da empresa que ficava no Edifício J. Silva, na rua General Osório, conjunto 102.

O bairro em que morávamos não era fácil, muitas crianças o tempo inteiro na rua e embora eu tivesse muitos amigos (sempre tive), também era muito comum eu arrumar brigas na rua e as mães de meus colegas iam até minha casa reclamar com minha mãe, que, por sua vez, também não tinha tempo e tinha muito o que fazer em sua oficina de costura, cuidados com os filhos, casas e reformas intermináveis. Meu avô Alcindo passou anos com trabalhos em minha casa. Cada ano era uma melhora: o forro, a ampliação dos quartos, o salão no fundo, a área coberta, os muros, a suíte do 2º andar.

O bairro era muito humilde e não tinha nada, nem escola, posto de saúde, polícia, ônibus. Sobrava terra e lama pra tudo quanto é lado. Vários dos moradores da Cohab eram pessoas que tinham sido retiradas de favelas. Minha mãe era líder comunitária, buscava mantimentos nos programas da pastoral e do cursilho. Minha casa era quase um centro de triagem e distribuição de mantimentos. Os matadores do bairro diziam que não era pra ninguém mexer com a Dona Anna e assim vivemos muito bem por mais de 7 anos neste bairro.

Minha vida neste bairro era ótima! Eu tinha de tudo o que precisava, me destacava na escola, tinha muitos amigos, minha vida era melhor do que a imensa maioria, mas também tinha as brincadeiras que acabavam em brigas, o dono da bola que terminava o jogo quando estava perdendo sempre levava uma prensa e minha mãe decidiu que eu devia ir levar as marmitas do almoço para o meu pai. Com 7 pra 8 anos eu pegava o ônibus depois da escola, levava o almoço do meu pai e passava a tarde com ele na oficina. Aos 10 anos mudei de escola, passei a estudar “na cidade”, ia cedo com o meu pai e passava as tardes na oficina, às vezes descia para comer um pastel e vitamina na salgaderia “Ao Carioca” ou no mercadão, sempre passava nas lojas “Americanas” pra comprar doces e chocolates e distribuía panfletos da oficina do meu pai na esquina do “Pinguim”. Quando o negócio começou a ir bem, eu pagava o pacote de cheques, deixava-os nominais, escrevia o número da conta corrente (depois mandei fazer um carimbo) e ia até o banco Econômico, que depois virou Real, ABNAMRO e finalmente hoje é o Santander para fazer os depósitos.

Certa vez, dei uma ideia genial ao meu pai, que foi a de pegar uma folha de cheque dele mesmo, preencher com um valor bem grande e depositar em sua própria conta! Meu pai odeia que tirem sarro das pessoas, logo não o fez com minha ideia genial, apenas me explicou que não adiantaria nada, pois assim que o “cheque fosse compensado” antes de entrar o dinheiro iria sair da conta.

Mais tarde, eu entendi que o empreendedor INVENTA DINHEIRO, mas não dessa forma! Meus pais inventaram, o suficiente, mas sem exageros, a partir da invenção de um negócio baseado em suas habilidades profissionais.

Tanto meu pai quanto minha mãe poderiam ter escolhido trocar suas forças de trabalho por um salário, mas queriam mais do que isso, queriam ter o seu próprio resultado e sua liberdade de trabalhar de acordo com suas convicções.

Quando não existia assistência técnica em câmeras fotográficas, projetores, binóculos e retroprojetores, meu pai foi lá e iniciou sua empresa neste segmento. Minha mãe era funcionária, mas sabia de sua potência e capacidade de produção, produzia sozinha o que outras 10 costureiras não produziam juntas, sem exagero! Minha mãe é muito forte e tem uma energia descomunal até hoje. Produz muito seja em uma máquina de costura seja como líder de associações filosóficas e espiritualistas, não fica reclamando, sempre se pergunta o que pode e o que dá pra fazer e vai lá e faz. Meu pai era genial, mas chorão e reclamão. Se tivesse 10% da energia e da capacidade de realização de minha mãe …

Esta energia toda de minha mãe era “transferida” aos filhos na marra. Quando nos mudamos do Centro para a Ribeirânia, local em que fomos muito felizes e tivemos várias festas familiares, a opção era todo mundo ajudar na construção. Meu avô Alcindo foi fundamental no início da obra. Eu, meu irmão e minha irmã, assim como meu pai e minha mãe trabalhamos bastante para ajudar a subir paredes, colocar pisos, na parte elétrica, etc, etc e etc. A casa ficava ao lado de uma área verde do bairro, onde minha mãe plantou um pomar. Aos finais de semana, em vez do cochilo após as refeições, o que tínhamos a fazer era cuidar do pomar, sempre gostamos muito desse contato com a terra!

Das lojas e pequenos negócios familiares, que propiciaram um bom dinheiro e mudança da qualidade e patamar de vida, parti também para a minha vida acadêmica.

Esta história de meus antepassados, por mais que, em algumas vezes, sejam “estórias” de tanto que foram esquecidas, retomadas e recontadas, são partes significativas de quem sou hoje, do que eu faço, como e o porquê.

Quando se fala em propósito, muito na moda, sei que é algo muito mais fácil de falar do que de definir.

Mais do que parte de minha vida, empreender faz parte de minha família, desde meus tataravôs que saíram de outros países em busca de melhor qualidade de vida, de novas oportunidades e que também vieram para contribuir para o desenvolvimento de nosso país.

A história de meu tataravô Henrique Croisfelts, que “para não criar filho vagabundo” pela comodidade da herança e do dinheiro fácil sem o desenvolvimento humano e pessoal tanto quanto a história de minha família materna que excluía as mulheres das partilhas já me incomodaram mais do que devia pelo quanto houve de perdas desnecessárias nestas decisões que, por muitos pontos de vista, foram equivocadas. O erro e o equívoco fazem parte da vida do empreendedor. Hoje compreendo que estas decisões não foram minhas e não me cabem, foram destes antepassados.

Para além disso, os valores, a cultura, a forma de vida, mais do que os bens e conforto, estes são meus e o ímpeto, a inteligência, a força de trabalho e a honra diante de meus iguais, isto também é meu e foram construídos por gerações e é ao que me dedico a deixar para meus filhos e sociedade!

Uma sociedade construída com base em herança se torna uma sociedade injusta e desequilibrada, pois concentra renda, privilégios e oportunidades. Uma sociedade construída com base no empreendedorismo, na produção de soluções e na troca justa se edifica de forma equilibrada e sustentável! É o que eu acredito e vivo!

Se mais pessoas capacitadas pensassem como o meu tataravô, a vida seria melhor para muitos!

Meu perfil ACADÊMICO empreendedor

Em um outro artigo, você poderá ver o meu perfil do DISC.

Considero que apesar de ser da geração X (nascidos entre 1970 e 1985), em certa medida, em função do que fiz, faço e de minha história de vida, me considero com perfil profissional esperado para as gerações do futuro, os profissionais “slash” (barra), “multitask”, de conhecimento generalista e diverso, de disponibilidade, flexibilidade, criatividade, capaz de resolver problemas complexos, de pensamento crítico, bom gestor de pessoas, com boa capacidade de negociação e persuasão e com inteligência emocional consistente.

Tenho uma formação acadêmica generalista, feita em ótimas universidades, ao mesmo tempo em que continuei empreendedor e, depois, treinador de empreendedores.

Cursei a faculdade de psicologia da USP/RP entre 1993 e 1998, fiz mestrado em psicologia social na PUC/SP entre 2001 e 2003 e doutorado em empreendedorismo em biotecnologia no programa de pós-graduação em “Medicina Regenerativa e Química Medicinal” na UNIARA/SP entre 2016 e 2020. Fui convidado para um pós-doutorado na UFOP, mas não consegui dar andamento por conta de outros projetos e trabalhos.

Antes da psicologia, fiz um semestre de Ciências Sociais na UNICAMP/SP (em Campinas), num momento de vida em que precisei vender camisetas e calças que fazia no trabalho com minha mãe. Vendia meus produtos na hora do almoço e do jantar na saída do “bandejão”. A falta de recursos para me manter em condições de me dedicar aos estudos, propiciou a mudança de rotas e a decisão por fazer psicologia em Ribeirão Preto/SP, onde residi desde criança, por ser o único curso de humanas na USP (universidade pública e gratuita) naquela época.

Desde aquela época, busquei diversificar minha formação, tendo 5175 horas entre créditos aula e trabalho, 848 horas em estágio supervisionado, além da iniciação científica e desenvolvimento de vários projetos e melhorias no laboratório de “memória, processos associativos e aprendizagem animal”. Em paralelo, fui representante discente, membro do centro acadêmico CEP (Centro de Estudos em Psicologia) e da atlética, promovendo uma série de eventos, dentre eles, fui fundador e organizador do “1º Jogos Inter Psico”, no ano de 1996, na USP/RP depois de ter ido fazer um semestre de disciplinas na USP/SP e de ter conhecido membros da recém formada atlética da Psicologia USP/SP e também da PUC/SP. Hoje, os jogos “Inter Psico” juntam mais de 20 universidades, já deve estar em sua 20ª edição e os uniformes de Ribeirão Preto continuam cor de rosa!

Muito me orgulho de ter transitado e feito estágios nas áreas de psicologia comportamental, educacional, organizacional e clínica. Na iniciação científica, além de ter elaborado os procedimentos e metodologia dos experimentos que conduzi sobre processos associativos, modelagem comportamental e aprendizagem animal, para otimizar o uso do tempo durante os longos experimentos, junto a um colega expert em programação, criamos um software para o controle dos experimentos e desenvolvimentos uma interface eletromecânica para acionamento dos estímulos e registro das respostas operantes, automatizando todos os experimentos deste segmento no laboratório e liberando mais de uma dezena de pesquisadores para se dedicarem mais ao estudo teórico do que a execução das atividades braçais dos seus experimentos. Veja mais em: https://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/17333

Embora eu tenha um apreço enorme pelas áreas de humanas, pelo entendimento sobre a forma que as pessoas pensam e agem, suas motivações e como os seus pensamentos definem a forma como veem o mundo, a vida e suas tomadas de decisões, sempre tive facilidade e me dei muito bem com as disciplinas de exatas, tendo tido as maiores notas no vestibular em português, química, biologia, física e matemática, respectivamente! Provavelmente, estas habilidades contribuíram como diferenciais em minha atuação já como aluno e também enquanto profissional.

Hoje atuo como mentor de desenvolvimento e posicionamento de negócios e auxílio no processo de tomada de decisão em função da análise e planejamento financeiro. Os números falam muito alto, mas até chegar a eles, tem o elemento humano, seus desafios, qualidades e capacitações tanto quantos os vícios e defeitos. O mapeamento de perfil e os ajustes necessários nas características do comportamento empreendedor antes de qualquer diagnóstico e análise financeira são fundamentais para o sucesso de qualquer projeto e empresa.

Não sou um administrador de recursos, sou um psicólogo que entende de motivação, características empreendedoras e de números!


Depois dos anos estudando modelagem, processos associativos e memória na aprendizagem animal, parti para o estágio na área de psicologia educacional e escolar, onde trabalhei por anos, inicialmente como estagiário e depois como supervisor de estágio estudando problemas de aprendizado e estratégias de reversão do fracasso escolar. Neste trabalho, semanalmente conduzia grupos de alunos de classe especial e de aceleração (todos com enorme defasagem idade / série) e também grupos com professoras, coordenadoras pedagógicas e diretoras.

Conseguir auxiliar a reverter quadros crônicos de crianças e adolescentes que não conseguiam aprender e a orientar professoras sobre como incentivar as crianças a ter gosto pelo aprendizado foi o meu maior retorno com este precioso trabalho!

Na mesma época, fazia estágios na área organizacional em escolas de línguas, contribuindo para o desenvolvimento humano enquanto também entendia sobre as dificuldades de um bom planejamento financeiro na área de prestação de serviços, sobretudo naquele em que turmas de alunos eram montadas.

Em meus últimos anos de graduação, comecei a atender clinicamente, o que durou por 7 anos após minha formação. Várias das pessoas que eu atendi como estagiário continuaram este processo assim que me formei.

Naquela época, com poucos recursos, eu auxiliei uma amiga, recém chegada do doutorado sanduíche no Canadá, que era psicanalista junguiana e professora em duas faculdades particulares de Ribeirão Preto/SP. Trabalhei por 1 ano como seu auxiliar, sem pagamentos, com a promessa de ser contratado no ano seguinte. Ficou só na promessa! No ano seguinte, várias foram as demissões e minha contratação também não ocorreu.

Devido ao caráter e ao reconhecimento dessa amiga, a Dra. Bárbara Ramos, que hoje mora no Canadá, eu tive seu consultório à disposição, gratuitamente, pelas manhãs (ocasião em que ela dava aulas) para fazer os meus atendimentos. Logo depois parti para o meu consultório próprio e também outras atividades relacionadas ao empreendedorismo.

Em paralelo, contribuía com a produção, atendimento e produção de ferramentas de planejamento e controle utilizados na loja da família. Me dediquei muito a estudar empreendedorismo como autodidata e em cursos do Sebrae. Logo me tornei facilitador dos cursos básicos, mas excelentes, de desenvolvimento de empreendedores, tais como o “Apreender a Empreender”, o “Juntos somos fortes” e o do sistema de gestão empresarial “Como melhorar a produção de sua empresa”.

Naquela época, junto a um grupo de amigos da faculdade, em sua maioria biólogos, também fui fundador da ONG “Sociedade IBIRÉ de educação para o desenvolvimento sustentável”, onde desenvolvi metodologia para vários treinamentos aplicados em escolas e prefeituras da região.

Com o término do mestrado, que fiz sob orientação do Prof. Dr. Peter Kevin Spink, participei de uma disciplina como aluno ouvinte na pós da FEA/USP-RP e fui convidado para ser supervisor de conteúdo e tutor de MBAs à distância oferecido por um consórcio de fundações à Universidade Corporativa do Bando do Brasil. Em função das viagens e do excesso de trabalho nestas atividades, aos poucos, deixei de atender clinicamente e passei a me dedicar mais aos outros negócios e ao empreendedorismo.

Em dezembro de 2008, eu já era pai e participei do Seminário Empretec. Foi onde entendi que o meu maior ganho vinha de minha atividade empreendedora e não onde eu me esforçava, trabalha muito mais e tinha poder de decisão junto aos 2000 alunos, mais de 50 tutores, outros 5 supervisores, produtores de conteúdo de vídeo-aulas, apostilas, etc, etc, etc.

Me mudei pra Campinas e abri uma nova unidade da Camarim Fantasias. Dois anos depois, com um bom faturamento e com a equipe organizada, parti para a sociedade em uma indústria, nasceu minha filha e logo depois voltei a prestar serviços para o Sebrae, agora como selecionador e um ano depois como facilitador do Seminário Empretec, desenvolvido pela ONU e aplicado pelo Sebrae em todo o território nacional. Não é preciso ser psicólogo para ser facilitador do EMPRETEC, cuja metodologia se edifica na PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL, mas é preciso ser empreendedor. Sou ambas as coisas!

Em 2015, depois de muito sofrer com as ferramentas e cursos sobre gestão de finanças, ainda hoje são muito limitados para a área de serviços em geral e estão muito atrasados em relação às mudanças dos diversos modelos de negócios, depois de perceber que esta é uma dor de muitos empreendedores, que não entendem bem e não possuem boas ferramentas para planejar e tomar decisões financeiras, enviei um projeto ao PIPE/ FAPESP, obtive aprovação e fundei a startup BICAN, que hoje é a startup SELLFA (www.sellfa.com.br). Ao final daquele ano, participei do LIF (leaders in innovation fellowships) da RAENG – The Royal Academy of Engineering (www.raeng.org.uk) através de convênio estabelecido com a FAPESP.

Conheci o meu orientador do doutorado no LIF, comecei já em 2016, terminando em 2020. O tema de estudo foi “Desafios e oportunidades para o desenvolvimento do empreendedorismo a partir da academia: uma alternativa à empregabilidade de doutores, inovação e desenvolvimento econômico”.

Em 2020, fui convidado para um pós-doc, onde o tema empreendedorismo na academia será aprofundado, mas em função de outros compromissos profissionais, não consegui atender a este convite.

Meu perfil EMPREENDEDOR acadêmico

Desde cedo trabalhei na Técnica Cine Foto Croisfelts, uma assistência em câmeras fotográficas, projetores de slides, binóculos e retroprojetores.

A oficina do meu pai recebia clientes de toda a região aqui do interior de Ribeirão Preto/SP e sul de Minas. Depois da escola, eu ia levar o almoço de meu pai e ficava a tarde estudando e prestando pequenos serviços. Meu irmão, dois anos mais novo do que eu e que é extremamente habilidoso com mecânica, aos 8 anos de idade, aprendeu a consertar as câmeras mais simples, tais como as Olympus Trip 35 e Olympus Pen, depois vieram as Yashica MF-1 e MF-3. Depois disso, ele foi me dando umas dicas e me ensinou o que eu tinha que fazer. Esta é uma das histórias que marcam minha vida! Aos 15 anos, em 1989, eu saí de férias depois de ter ganho US$ 1,000 com a comissão de 40% que o meu pai me pagava pelos serviços que realizávamos.

Anos depois, além do roubo feito ao dinheiro de todos os brasileiros no Plano Collor, a abertura de mercado e a mudança de tecnologia fez com que este negócio, assim como as câmeras mecânicas à filme de rolo, virasse parte do passado. Após se arrastar alguns anos, meu pai fechou as portas! Esta é uma forma de contar a história, mas o que aprendi com isto? O mercado muda, as tendências mudam, a tecnologia muda e quem não muda junto fecha as portas! Foi assim com a Técnica Cine Foto Croisfelts e com a loja do Toni Myasaka, um grande parceiro e apoiador do meu pai, foi assim com a Kodak e Blockbuster, dentre tantas outras. Será que havia algo a se fazer diferente? Creio que sim, tivemos muitas oportunidades para “pivotar” nosso negócio.

Desta “falência” anunciada, fomos migrando de volta para a atividade de minha mãe, costureira, que sempre ganhou o seu dinheiro com sua oficina e lojas. Aos 16 anos, fui emancipado para poder ser sócio da Alkymito, quando sua antiga sócia desistiu do negócio.

Nosso grande sonho era ter uma loja na Alta Barão! Vendemos um carro e as duas linhas telefônicas e fomos para lá, mas naquele momento, em função do início dos shoppings, o endereço do comércio em Ribeirão Preto já tinha se mudado para outro lugar. Ainda assim, com a inovação dos “vestidos de malha com botões coloridos”, vendemos muito bem e com o movimento da semana anterior ao Natal compramos um novo carro.



O início do ano seguinte não foi tão bom e migramos para outro endereço, sem nenhum glamour: O “Center Shopps”, um shopping popular em frente ao Mercadão antigo, uma espécie de antecessor do CPC (Centro Popular de Compras).

Novamente, tivemos muito sucesso, produzíamos com excelente qualidade e baixíssimo custo, com baixíssimo preço e vendíamos muito! O problema é que nos outros boxes o movimento era outro e mediante as reclamações, o dono do local fechou o estabelecimento para reforma e nunca mais abriu, isto é, abriu, mas não um shopping popular e sim um estacionamento.

Novamente, com medo de pagar o aluguel em um ponto onde os clientes estavam, decidimos esperar e ter a loja em frente à nossa “fábrica” ali em frente à antiga CPFL, num local em que a população de rua era a mais frequente naquele momento. Em 6 meses sem movimento, mais uma vez fechamos as portas.

Muitos foram os problemas e as dores dessa época, mas também muitos foram os aprendizados! O problema é que os aprendizados ficaram claros somente apenas mais de 10 anos depois!

Não adianta ter produtos excelentes com preços baixíssimos se você estiver longe dos seus clientes!

O que você deve fazer para estar perto de seus clientes? Hoje com a internet, talvez até fosse possível levar os clientes para aquele ponto, talvez nem mesmo isso desse jeito nisso!

Em primeiro lugar, errávamos no preço, então vendíamos muito, mas não sobrava nada no caixa. Sem caixa, sem poupança e sem capital de giro, não tivemos coragem para encarar o aluguel “caro” em um ponto nobre, pois sabíamos que teríamos de refazer a clientela até conseguir pagar as despesas de manutenção neste novo ponto. Além disso, tem o investimento inicial, as reformas, móveis, etc. O primeiro erro influenciou a termos o segundo, que foi o de não correr o risco, deixando de investir e começar novamente, pagando “mais caro” para estar onde os clientes estariam.

Nesta época, em 1992 comecei o meu percurso universitário, passei em Ciências Sociais na Unicamp e por lá fiquei por 1 semestre. Com o dinheiro muito curto, eu vendia camisetas na saída do bandejão para ajudar nos custos de moradia, transporte e alimentação.

Voltei pra Ribeirão Preto e dois meses depois saiu o resultado: eu tinha conseguido vaga na moradia, mas já não tinha feito a matrícula no 2o semestre.

Em 1993 eu era calouro na faculdade de Psicologia da USP/RP, onde tive muitas vivências e aprendizados que marcaram minha vida! Trabalhei a graduação inteira no Laboratório de Processos associativos, controle temporal de memória, sob orientação do Prof. Dr. José Lino de Oliveira Bueno (http://www2.ffclrp.usp.br/docentes/psicologia/joselinooliveirabueno.php), araraquarense, um ser humano fantástico e cientista incrível com quem aprendi muito sobre procedimentos de pesquisa, busca de informações e metodologia científica. Para além disso, tenho todo carinho do mundo por quem além de ser um contador de histórias, consegue ouvir e ajudar a tornar as coisas mais claras!

Fiz muito mais disciplinas e do dobro de horas de estágio do que precisava para me formar, sem contar os anos de trabalho com o Professor Lino. Deste universo, foram muito marcantes os três anos de trabalho sob supervisão da Professora Doutora Sandra Maria Sawaya (http://www.iea.usp.br/pessoas/pasta-pessoas/sandra-maria-sawaya), em que desenvolvemos trabalhos de pesquisa e extensão junto a alunos da rede pública de ensino, ajudando a reverter diversos quadros de “fracasso escolar”.

Sandra foi outro ser de luz em minha vida, com ela aprendi a trabalhar em grupos, aprendi a ouvir ativamente e a pontuar os elementos chave de cada reunião, trazendo estes elementos à tona e fazendo propostas de aprofundamento do entendimento e já elegendo o assunto da próxima reunião, tanto com professores quanto com os alunos. Ao promover o tema de interesse do grupo, conseguíamos participação ativa na busca de solução de para os problemas pertinentes ao próprio grupo. As pessoas “portadoras” dos problemas são as mais capacitadas para propor e construir as soluções!

Em 1996 fui fazer algumas disciplinas na USP de São Paulo e desta experiência, junto aos iniciadores da Atlética da Psicologia da USP/SP, organizamos o 1o Inter PSICO em Ribeirão Preto/SP, encontro de universidades de psicologia do estado de São Paulo para a disputa de jogos esportivos e trocas de experiências que já tem mais de 2 décadas! Em relação aos aprendizados do Interpsico não posso falar muito, não cabe aqui neste espaço, rs!

Terminei a graduação num dos momentos familiares financeiros mais críticos de minha vida, após fechar a loja de roupas, passamos a alugar os quartos de nossa casa para estudantes. Morávamos entre duas grandes universidades particulares de Ribeirão Preto: a Unaerp e a UniCOC, estava tudo certo para eu ser contratado como professor numa outra univesidade de Ribeirão Preto em que trabalhei como assistente de uma professora por um ano, na virada do ano, mudaram a política de contratação e não fui contratado.

Enquanto isto, minha mãe tinha voltado a prestar serviços em empresas de ajustes de roupa ganhando 40% de comissão pelo serviço prestado. Com “nome sujo’ e devendo na praça, minha mãe, uma pessoa incrível, um grande modelo de determinação, comprometimento e qualidade conseguiu alugar um novo ponto em meu nome e ela como fiadora, pois tinha a casa em seu nome.

Para fazer os seus consertos sem depender de comissão, conseguiu uma máquina de costura emprestada. Eu utilizava os computadores da USP para elaborar os flyers de divulgação da empresa, que seriam xerocados e distribuídos nos prédios do centro. A sala alugada ficava na rua São José, ao lado da Gênius Video Locadora, uma das mais tradicionais e visitadas da cidade. Por saber ouvir nossos clientes, logo minha mãe começou a fazer fantasias para alugar para a Festa do Tim, ou “Até que a lua vire sol”, muito famosa na época. Novamente, conseguimos algumas fantasias emprestadas para “fazer volume” enquanto as novas eram produzidas para o primeiro aluguel.

Nesta época, assim que não fui contratado por aquela Universidade, tive um consultório de atendimento clínico que durou 7 anos. Junto a isto, depois de fazer diversos cursos na área de empreendedorismo, me tornei facilitador dos cursos “Aprender a empreender”, “Juntos somos fortes” e “Como melhorar a produção de sua empresa”, todos pelo Sebrae.

Logo surgiu a oportunidade de um ponto para locação em frente ao nosso principal concorrente da época e para lá fomos com o objetivo de “atender a todos que o concorrente não atendesse”, passamos a oferecer muito mais qualidade por um preço mais baixo, consequência: de novo estávamos crescendo, mas repetindo os mesmos erros que vinham desde a Técnica Cine Foto Croisfelts: oferecer mais qualidade do que os concorrentes cobrando muito menos do que eles!

Trabalhávamos muito, ganhávamos pouco!

Chegamos a morar neste ponto para economizar no dinheiro do ônibus! Abrimos mão de morar numa casa confortável, espaçosa e com piscina, que foi alugada, para morar nos dormitórios da parte de cima desse prédio, que hoje é próprio!

Um grande aprendizado, que mudou nossa vida, aconteceu meses antes de uma das famosas festas do Tim, já tínhamos alugado todas as fantasias. Tocou o telefone e era um “concorrente” de uma loja de São Paulo pedindo para deixar o seu caminhão em frente à nossa loja. Combinei que não, que ficariam dentro de minha loja, pois eu já não tinha nada mais para alugar! Para minha surpresa, o Sr. Almeida, da Fantasias Rosemary, alugou muita fantasia cobrando 5 vezes mais caro do que cobrávamos, exigindo cheque caução e pagamento antecipado. Na época, em função da novela “O Clone”, a fantasia da Jade era a mais procurada e o valor que eu havia cobrado pelas nossas belas fantasias de Jade (as mais caras) eram exatamente o mesmo que ele cobrava por uma fantasia esfarrapada de presidiário!

Descobri que não podia mais estar preso à esta política do entrega muito e cobra pouco! Ganhamos um bom dinheiro com a comissão dos 20% combinados com o Almeida, mas o maior ganho foi o aprendizado sobre dar valor à qualidade que entregamos aos nossos clientes!

Hoje, nossos preços não são mais baixos do que a concorrência, mas entregamos mais qualidade, organização, diversidade de modelos e modelagem do que os concorrentes, mas passamos a cobrar valores mais justos e com isto tivemos mais caixa para investir ainda mais na qualidade do espaço físico, da organização interna, da matéria-prima utilizada. Já tivemos 3 lojas, em Ribeirão Preto, São Paulo e Campinas. Hoje contamos com as melhores lojas de aluguel de fantasias do Brasil em Ribeirão Preto/SP e fazemos atendimento online para atender a todo o Brasil (www.camarimfantasias.com.br).

Em 2001, fui fazer o mestrado no núcleo de pesquisa em organização e ação social, na PUC/SP sob orientação do Professor Doutor Peter Kevin Spink (http://eaesp.fgvsp.br/docentes/peter.spink), um “monstro”, pessoa absolutamente caristmática e humilde, um inovador disrruptivo nato, que propôs a mim ter um capítulo de contos sobre os temas pesquisados em minha dissertação de mestrado! Quando eu trabalhei com o Peter eu não fazia a menor ideia do seu tamanho, mas vi sua genialidade em prática ao ouvir divergências de entendimento de seus orientandos, ouvir e mapear as possibilidades e transformar o problema em ouro! Veja o resultado em http://www.scielo.br/pdf/psoc/v15n2/a03v15n2.pdf

Até podia ser que, naquela época, eu não percebesse o real tamanho do Peter, mas os pesquisadores da FEA-USP/RP sabiam! Ao cursar a disciplina “Estado , mercado e terceiro setor” na pós-graduação da FEA-USP/RP, conheci os idealizadores do INEPAD, que me convidaram para ser tutor e depois supervisor de conteúdo do MBA em “Gestão de Negócios do Desenvolvimento Regional Sustentável” oferecido à Universidade Corporativa do Banco do Brasil pelo consórcio formado pelo INEPAD e organizações vinculadas à UNB, UFBA, UFLA e UFMT. Tive um aprendizado imenso, sobretudo ao ver como um MBA que ía de vento em popa passou a ter muitos problemas e reclamações justamente na disciplina de “Gestão de Finanças”, algo que eu vi se repetir em outros MBAs e também na oficina de Finanças da qual participei no LIF (Leaders in innovation fellowship), um programa da The Royal Academy of Engineering do Reino Unido em parceria com a Universidade de Oxford, Newton Fund, Shell, Williams, dentre outros. Enquanto os temas “juros sobre juros”, “VPL”, “TIR”, “DRE”, “EBITDA” vão sendo apresentados, os participantes vão derretendo em suas cadeiras! Consideram o tema ou muito chato, ou muito difícil ou muito não aplicável às suas realidades.

Certa vez, numa conversa sobre publicações, teses, artigos e livros com o Professor Peter Spink ele fez uma indagação que apontava para uma necessidade de mudança na academia, isto lá nos anos 2000! Se os pesquisadores, depois de terem escrito suas dissertações e teses, devem reescrevê-las no formato de artigos ou livros para que as pessoas possam ler e absorver o conhecimento, veio a pergunta: “onde é que está o problema?”. O problema está no formato acadêmico e na forma como se ensina não apenas sobre gestão de finanças, mas sobre ciência, epistemologia, metodologias científicas e produção do conhecimento, sobretudo do conhecimento tácito, aquele que é produzido sem que saibam que produziram, sobretudo o conhecimento da “base da pirâmide”, do chão de fábrica e pelas pessoas em seu dia a dia. Não é à toa que hoje, o modelo acadêmico brasileiro está esgotado! Se ainda é bom para gerar conhecimento, é péssimo (e sempre foi) para aplicar o conhecimento gerando para o bem comum e, muito mais, para gerar negócios, empregos para os doutores e desenvolvimento do Brasil!

Esta necessidade de mudança, de inovar, de simplificar a transmissão do conhecimento, sobretudo o de finanças, algo tão importante e decisivo para o entendimento de minha vida enquanto empreendedor, me levou a aprofundar meus estudos sobre gestão de finanças e a escrever o livro “Como ter LUCRO em PMEs” (http://www.hotmart.net.br/produto/H1958769H/Como-ter-LUCRO-em-micro-pequenas-e-medias-empresas/—–) durante as horas vagas dos atendimentos que eu fazia como selecionador dos participantes inscritos no Seminário EMPRETEC.

Neste livro, eu conto muitas histórias de empreendedores, sobretudo as minhas. Eu procurei ser o mais simples e objetivo possível ao tratar de planejamento financeiro como se fosse a coisa mais difícil do mundo, transformando em algo que, talvez, seja visto pelos alunos como a coisa mais chata e inútil do mundo. Não é à toa que muitos alunos de MBA reprovam, tiram notas ruins, colam e dão um jeito de passar raspando apenas nesta disciplina em diversos MBAs ou cursos de administração. O problema é que o ensino, da maneira como se faz, está errado!

Na época em que escrevi este livro, meu filho já contava com 1 ano e eu tinha acabado de decidir montar a loja de Campinas, que além da realização tinha o potencial de gerar muito ganho, para mim, para os funcionários e para a sociedade do que o ganho que eu vinha tendo como prestado de serviços para o MBA em questão.

Dois anos após montar esta loja, ela já não dependia mais de mim! Trabalhei muito para ter clientes e enquanto estes não vinham na quantidade em que eu precisava, junto a mais um funcionário, eu administrava, atendia, lavava, passava, costurava e de noite, muitas vezes, vestia minhas fantasias e ia distribuir os panfletos nas portas das faculdades. As que mais faziam sucesso eram as de Vaca e a de O.B., quando descobriam o que era aquela coisa branca e gigante, muita gente vinha tirar fotos. Depois, eu esperava, iriam compartilhar suas redes sociais! Aos finais de semana, o ponto de panfletagem eram a lagoa do Taquaral e as ruas do Cambuí.

Durante a semana, outra atividade recorrente era a descrição dos processos, atividade que eu já tinha feito com muito sucesso na Usinagem de meu tio Luís, mais de 5 anos antes.

O que fazer para prospectar clientes? Quando o cliente chegar na loja, como abordá-lo? O que perguntar? O que oferecer? Como direcioná-lo para o provador? O que fazer para ganhar tempo e conseguir atender vários clientes ao mesmo tempo? Depois de descrever vinha o “treinamento” pedindo ao meu único funcionário para ler, fazer sugestões de melhoria, decorar e colocar em prática. Enfim, os clientes passaram a vir em maior número, contratei mais funcionários e fui saindo da loja, que não precisava mais de minha presença física.

Apareceu uma grande oportunidade a partir de uma conversar no aniversário do filho do meu primo em que eu reencontrei um amigo de adolescência que estava em apuros com sua empresa.

Eu já prestava consultorias, serviços para o Sebrae, tinha a minha experiência empreendedora e me dispuz a ajudá-lo numa indústria de comunicação visual em tecido: a Camori (www.camori.com,br). Vim a me tornar sócio desta indústria, pois apesar dos inúmeros equívocos, eu via o imenso potencial da mesma, que já havia faturado em seu primeiro ano de vida quase R$ 1 milhão, embora tivesse acumulado dívidas de mais de R$ 600 mil neste mesmo período! Além do capital de giro e da compra de equipamentos para melhorar a produção com o meu crédito, investi muito trabalho nesta empresa: organizei o departamento financeiro, criei indicadores e planilhas para orçamentos, implementei um kan-ban para ajudar na comunicação inter-setores e para diminuir os problemas na entrega dos pedidos, cortamos custos, mudamos o layout para a empresa ficar eficaz, contratamos mais vendedores e passamos a ter a semana de planejamento em novembro e não mais em março (quando estas reuniões aconteciam). Cada vendedor passou a ter uma meta de vendas, além disso, passamos a ajudá-los na identificação de oportunidades para cada perfil de clientes. Em dois anos acertamos as dívidas e passamos a dividir os lucros. No ano em que revendi minha parte da sociedade para um dos ex-sócios, tivemos o faturamento de R$ 4,5 milhões.

O irmão de minha esposa havia falecido num acidente de moto e pouco tempo depois, minha esposa, que havia passado para o doutorado direto na qualificação do mestrado teria de viajar mais para Ribeirão Preto/SP, estávamos com dois filhos pequenos, e numa viagem para São Paulo/SP ela sofreu um acidente, ficando parada na pista lateral onde o movimento maior era de ônibus e caminhões. Não sofreu nenhum arranhão, mas o medo foi enorme. Neste mesmo ano, eu tive um acidente de carro indo de Osasco para Curitiba. Não foi nada grave, apenas os prejuízos materiais, mas o susto foi enorme!

Em apenas uma conversa, decidimos voltar a morar em Ribeirão Preto/SP, onde ela terminaria o doutorado e o pós-doutorado em Psicologia. Vendi minha parte da Camori para um dos sócios e voltamos para Ribeirão. Finalizei meu livro e passei a ser facilitador do Seminário EMPRETEC. Eu ainda continuaria na estrada, minha esposa não!

Acreditando que mesmo aquele empreendedor que não saiba o que é um custo fixo ou variável, qual é a diferença entre um investimento, um custo ou uma despesa seja capaz de planejar sua empresa através dos números, passei a elaborar diversas planilhas que acompanhariam meu livro. Nesta ocasião, conheci quem viria a ser o desenvolvedor (e a ter participação societária) do software que me levou à Academia Real de Engenharia, à certificação na SAP e a este portal.

O Brasil é um país empreendedor! 26% da população empreende, enquanto o segundo país neste indicador são os EUA, com 20% da população, seguido do Reino Unido, com 17%, e demais países da Europa na casa dos 10%. O grande problema é que 24% das empresas abertas fecham as portas antes de completar 1 ano de vida e 54% das empresas fecham as portas até o final do 3o ano.

É claro que o contexto sócio-político e econômico afeta a realidade das empresas, pois sem clientes e sem dinheiro nenhuma empresa sobrevive, porém o grande causador desta quebradeira é a falta de planejamento prévio e a gestão ineficiente dos negócios! Além dos cursos (péssimos) de gestão de finanças, os ERPs não oferecem ferramentas que ajude o empreendedor a entender a sua empresa e a planejá-la a partir dos números. Os ERPs convencionais são ferramentas fantásticas para o monitoramento dos dados do negócio, mas não oferecem nada para o planejamento! Quer dizer, quem alimenta os softwares corretamente (e são muito poucos os que fazem isto), no máximo terão uma análise daquilo que já foi feito, porém não terão mais tempo para corrigir o que for preciso. Com cursos e softwares insuficientes, além das regras tributárias e da burocracia, a vida do empreendedor brasileiro é bem difícil!

Para solucionar este problema do planejamento das PMEs, encaminhei um projeto ao PIPE/FAPESP (www.fapesp.br/pipe) e tive aprovação, cujo objetivo principal era o desenvolver um software que auxiliasse qualquer empreendedor a planejar a sua empresa e a tomar decisões com base em parâmetros. Para isto, entrevistei mais de 60 empreendedores das áreas de comércio, serviços, indústrias e autônomos, levantando aspectos críticos para o sucesso de cada tipo de negócio, quais eram os custos de cada negócio, quais eram os custos percebidos e quais eram os custos não percebidos, se sabiam ou não qual era o giro de vendas, nas condições em que operavam, para atingir o ponto de equilíbrio e para obter o lucro esperado, dentre uma infinidade de outros quesitos.

Com esta pesquisa, após identificar os aspectos chave de cada negócio, elaborei um formulário em que o empreendedor vai respondendo perguntas sobre sua empresa (para isto ele não precisa saber de nenhuma teoria) e o SELLFA oferece um relatório analítico apontando a viabilidade da empresa, isto é, se dará lucro ou prejuízo, e de quanto, nas condições informadas. Este relatório discrimina o quanto a empresa teria de faturamento, quanto de custos fixos, de custos variáveis e também o quanto teria de lucro. Depois disso, o empreendedor poderá fazer ajustes, alternando valores de cada uma das variáveis, para otimizar a sua empresa. Ao descobrir qual é o giro de vendas, qual é a sazonalidade de seu negócio e quais são os principais produtos para a empresa, o empreendedor terá condição de tomar decisões relacionadas ao mercado, isto é, quem é o cliente, quantos são, onde estão, o que comunicar, qual é o melhor canal, dentre tantas outras decisões fundamentais para o sucesso de sua empresa.

Através do desenvolvimento do SELLFA, um “decision suport system”, fui convidado a participar do LIF, um workshop de duas semanas, realizados na RAENG, com oficinas para preparação do CANVAS, de marketing, negociação, gestão financeira e técnicas de apresentação com o objetivo da preparação e apresentação de um pitch para professores da Universidade de OXFORD e investidores locais. Este treinamento foi seguido ao longo de um semestre por sessões de coach com o Dr. David Falzani, que veio ao Brasil em outubro de 2017 para a realização de uma nova oficina com foco em marketing, vendas e valuation.

O SELLFA foi inscrito no programa Startup Focus da SAP HANA e em outros programas de aceleração, tendo excelente avaliação junto a diversos investidores.

Participando do LIF eu conheci o Professor Doutor Hernane Barud da Silva (https://www.researchgate.net/profile/Hernane_Barud), que me convidou para um grande desafio: o de estudar processos empreendedores junto a pesquisadores de biotecnologia. Uma das atividades deste doutorado é a realização do Café Consciência (https://www.meetup.com/pt-BR/Cafe-ConsCiencia/), em que mensalmente reunimos um grupo de pesquisadores desenvolvedores de soluções inovadoras, mas que não receberam preparo para empreender!

Atualmente, também sou produtor rural e investidor em madeiras nobres atuando em conjunto com meu irmão, que é engenheiro agrônomo. Possuímos um viveiro de mudas nativas e temos alguns hectares plantados de Cedro, mogno e outras madeiras nobres.

A PLATAFORMA FELTZ

Em 2018, após ter atendido algumas clínicas médicas e um grupo de 15 veterinários em uma consultoria para a organização financeira e desenvolvimento de negócios, fui apresentado pelo Dr Judson Filho ao Dr Marcus Carvalho, fundador da mentoria Sucesso Médico e, desde então, desde a primeira turma dessa mentoria, tenho prestado serviços seja na condução de finais de semana presenciais, seja através do atendimento mensal e online aos participantes dessa mentoria, que já se encontra a caminho da 7ª turma.

Com base nestas vivências, após contribuir para que diversos médicos dobrassem ou triplicassem o resultado em suas clínicas, fomos “intimados” pela Dra Raquel Camelo a atender a clínica CPlástica Brasília durante um ano, com eventos presenciais, pois depois de termos ajudado a superarem as metas de faturamento, seria necessária a reorganização de processos. Com base nesta vivência principalmente e em tantas outras clínicas com perfil cirúrgico, construí planilhas, formulários e o CRM Pipefy para a documentação, análise e tomada de decisão, facilitando a comunicação com os clientes e tendo bons relatórios financeiros.

Ao perceber que todas estas ferramentas poderiam ser unificadas em uma só, investi na modelagem, desenvolvimento e testes da plataforma FELTZ.